16 março 2005

Então fui feliz

Quando soube ao fim do dia
que o meu nome fora aplaudido no Capitólio,
mesmo assim nessa noite não fui feliz,
E quando me embriaguei ou quando se realizaram os meus planos,
nem assim fui feliz.

Porém, no dia em que me levantei cedo, de perfeita saúde, repousado, cantando e aspirando o ar fresco de Outono,
Quando a Oeste, vi a lua cheia empalidecer e perder-se na luz da manhã.

Quando, só, errei pela praia e nú mergulhei no mar, e rindo ao sentir as águas frias, vi o sol subir. E quando pensei que o meu querido amigo, meu amante, já vinha a caminho, então fui feliz.

Então era mais leve o ar que respirava, melhor o que comia e esse belo dia acabou bem.
E o dia seguinte chegou com a mesma alegria e depois no outro ao entardecer veio o meu amigo.
E nessa noite, quando tudo estava em silêncio, ouvia as águas invadindo lentamente a praia,
Ouvi o murmúrio das ondas e da areia, como se quizesse felicitar-me,

Porque aquele que mais amo dormia ao meu lado, sob a mesma manta na noite fresca.
Na quietude daquela lua de Outono, o seu rosto inclinava-se para mim,
E o seu braço repousava levemente sobre o meu peito - nessa noite FUI FELIZ.

CÁLAMO
Walt Whitman
1860