Um palmo de sonho
Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da nação.
Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
HISTÓRIA ANTIGA
Miguel Torga
Feio bicho, de resto:
Uma cara de burro sem cabresto
E duas grandes tranças.
A gente olhava, reparava e via
Que naquela figura não havia
Olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
O malvado,
Só por ter o poder de quem é rei
Por não ter coração,
Sem mais nem menos,
Mandou matar quantos eram pequenos
Nas cidades e aldeias da nação.
Mas,
Por acaso ou milagre, aconteceu
Que, num burrinho pela areia fora,
Fugiu
Daquelas mãos de sangue um pequenito
Que o vivo sol da vida acarinhou;
E bastou
Esse palmo de sonho
Para encher este mundo de alegria;
Para crescer, ser Deus;
E meter no inferno o tal das tranças,
Só porque ele não gostava de crianças.
HISTÓRIA ANTIGA
Miguel Torga
3 Comments:
Voltei a re-encontrar esta "história" que foi julgo eu, o primeiro poema de Miguel Torga que li ainda pequenita.
Tem o encanto das histórias contadas aos pequeninos e a lição de que por vezes basta acreditar num sonho para "mudar o mundo".
A todos desejo um Feliz Natal!
Olá!
Isabel li o seu post, como sempre um convite à leitura.Desejo para você um Feliz Natal e um próspero 2006, cheio de saúde e repleto das coisas que lhe falam ao coração.Beijos. Agradeço sua visita. PS. Houve um problema no meu blog e perdi vários links, foi muito bom você ter aparecido, pois eu estava refazendo.
Foi um dos poemas que li na escola primária.
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